A Comissão Europeia apresentou 13 propostas com o objetivo de, até 2030, reduzir as emissões de CO2, para um nível 55% abaixo do de 1990. Pela primeira vez, será aplicada uma tarifa às importações que sejam intensivas em carbono, como materiais industriais – algo que já está a causar algum incómodo nos parceiros comerciais. Setores anteriormente isentos do impacto do comércio de emissões, como o transporte e aquecimento doméstico, terão de pagar pelo carbono que produzem. Simultaneamente, outros setores que já tinham impostos de carbono verão esses valores serem agravados. E, segundo a Eu, os carros com motores de combustão terão os dias contados até 2035.

Big Bang sustentável

Para alguns políticos europeus este é um “big bang” legislativo que só tem paralelo na criação do mercado único ou mesmo do euro.  O clima deve ser uma responsabilidade inerente da UE. Os esforços nacionais individuais são absurdos. Não faz sentido a Áustria tornar-se verde, se na Alemanha os carros poluírem, não faz sentido a Dinamarca estar repleta de turbinas, se a Polónia ainda depende do carvão. Problema de dimensão e gravidades globais são uma clara demonstração de que os Estados-nação são uma invenção do século XIX que deixou de ser adequada para os problemas do século XXI (o que torna todo o tipo de nacionalismo ainda mais perigoso).

A mudança é inevitável

Esta iniciativa legislativa permitirá à UE desempenhar um papel de liderança global –  uma combinação do tamanho económico da UE e dos seus padrões (geralmente) exigentes, significa que outros governos tenderão a seguir estas regras. Mas este é um caminho com riscos. Os eleitores vão ter de desistir dos carros a gasolina, fazer menos voos ou pagar muito mais pelo aquecimento – a UE será vista como o culpado pelos seus sacrifícios, enquanto políticos oportunistas locais tenderão a capitalizar esse descontentamento. Mas este é um caminho inevitável. Acontecimentos recentes, como as ondas de calor nos EUA e Canadá e as terríveis cheias na Europa, mostram que a mudança climática é muito mais do que uma miragem.

Simultaneamente, a escassez de recursos no horizonte mostra o potencial para o colapso do crescimento económico com o conhecemos. É importante para cidadãos e empresas perceberem que se a crise pandémica afetou a sua vida, as novas crises climáticas irão afetar ainda mais. No entanto, do ponto de vista regional, parece haver demasiadas empresas convencidas que o passado pode servir de referência para o futuro – mas a verdade é que não há mais “business as usual”.

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