
Empreendedorismo e Arte são dois fenómenos que têm mais em comum do que aparentemente poderemos pensar. Antes de mais, o impacto da criatividade na economia é por de mais evidente – as maiores empresas do mundo (Microsoft, Apple, Amazon, etc.) são empresas onde os principais ativos resultam da criatividade de engenheiros, programadores, designers e marketeers. Depois, o peso das indústrias intituladas como criativas é cada vez maior (cerca de 3,6% a 4% do PIB, ou seja, por exemplo mais do que a indústria têxtil).
Modelos de negócio
Multinacionais como a Disney assentam o seu modelo de negócio em explorar personagens, enredos sob a forma de filmes, séries, brinquedos e outros artefactos licenciados a terceiros. Por outro lado, todos os artistas são empreendedores (e vice-versa). A minha definição de empreendedorismo “ato de potenciar a aproveitar oportunidades de criação de valor – económico, social, artístico”, ou seja, tanto é empreendedor quem cria uma associação de bairro para ajudar idosos, quem lança um produto dentro de uma empresa, quem cria uma start-up, como quem cria uma banda de música. Tanto para artistas como empreendedores o foco está na criação de valor. No caso dos artistas esse valor é emocional (valor intrínseco) – o que me faz sentir uma música, um quadro, uma pintura, o foco é a experiência.

Empreendedorismo
“Ato de potenciar e aproveitar oportunidades de criação de valor – económico, social, artístico.”
Mas esse valor emocional pode ter um valor de mercado (valor extrínseco), que às vezes poderá ser dezenas de milhões de dólares, como caso de uma pintura, ou dezenas milhões de livros ou músicas vendidas. Por várias razões, alguns artistas associam lucro a “vender”. No entanto, os empreendedores de artes não se vendem – eles vendem arte/experiência. Com recursos, como dinheiro na mão, pode-se assumir riscos adicionais e, às vezes, mais significativos, permitindo que os artistas tornem a sua atividade sustentável e façam a sua arte chegar a mais pessoas. Leiria é uma cidade de artistas e empreendedores. Essas duas entidades têm de caminhar de forma mais próxima. Uma cidade com artistas e condições para estes, com mais eventos, mais cultura (mais empreendedorismo cultural) é uma cidade que fixará mais recursos humanos qualificados, que potenciará negócios de maior valor e gerará melhor qualidade de vida.
Cultura, arte e empreendedorismo têm de caminhar de forma conjunta e coordenada, a nível estratégico e político!